Ela sempre teve fascínio por línguas. Vivia repetindo que talvez fosse possível aprender por osmose. Não no sentido literal, claro. Mas dizia que se morássemos por um período em um país com uma língua muito diferente, só de ouvir e conviver, as relações poderiam ser estabelecidas e tudo ficaria claro.
Esquecer não posso do dia que cheguei com um alcorão. Seus olhos brilharam. Em menos de dois gestos, o livro deixou de ser meu e passou para as suas mãos. Ela olhava cada página com a atenção de quem está decifrando pistas de um tesouro. Aquelas folhas fininhas, delicadamente impressas pareciam ganhar novo sentido em suas mãos. Copiava os desenhos, tentava estabelecer as tais relações.
Decidiu que precisava ouvir alguém recitando as linhas e foi para Omã. Voltou sem palavras. Disse que a osmose não funcionara. E, foi justamente esse o motivo de seu encanto.
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