segunda-feira, dezembro 28, 2009

Bilbao





Eu simplesmente adorei Bilbao. Estive lá no final de novembro, participando do Zinebi com o curta What are you looking for? (doc com Philip Glass).

A cidade é bonita, preserva várias coisas da arquitetura antiga e mistura com o contemporâneo, tem livrarias legais, lojas de designers locais legais e o rio (ou la ría, porque é água salgada) dá um charme extra e enche a cidade de pontes.

As fotos estão no meu Flickr.

Peine del Viento




Instalação superlegal de Chilida e Luiz Peña Ganchegui em San Sebastian, na Espanha:

sexta-feira, dezembro 25, 2009

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Vídeos de San Sebastian

Quando fui para o Zinebi, no final de novembro, em Bilbao, aproveitei um dia para conhecer San Sebastian, com a Lenara e a Manoela. Alguns vídeos da viagem:





domingo, dezembro 20, 2009

Eu também gosto de Jenny Holzer

Eu adoro Richard Serra

Três registros de caminhadas em esculturas gigantes de Richard Serra:





sábado, dezembro 19, 2009

Teaser – As Aventuras do Avião Vermelho

Veja teaser do longa As Aventuras do Avião Vermelho:

Versão em português:


English version:



Mais informações estão disponíveis no blog do projeto: www.aviaovermelho.com.br

terça-feira, dezembro 08, 2009

segunda-feira, novembro 30, 2009

Que exploração é essa?

A série segue indo ao ar aos domingos, às 17h20 no Canal Futura. Reprises na segunda-feira às 21h20 e no sábado às 20h20.

Veja aqui o episódio 2:

terça-feira, novembro 24, 2009

Huelva

Coloquei no meu Flickr umas fotos de Huelva:
http://www.flickr.com/photos/camilagonzatto/

Em resumo é uma cidade muito simpática e bonita, principalmente o centro antigo, e onde se come muito bem. O café é forte. As pessoas são agradáveis e solícitas. O mar fica perto. O porto é muito ativo. Mas, culturalmente, fora o festival de cinema, que é bem importante, a cidade não tem muita coisa. Só encontrei uma pequena livraria, que estava fechada no sábado... E o Museu de Artes é bem pequeno e fraquinho. Mas, as sessões do festival estavam cheias e vi filmes BEM legais.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Blog Avião Vermelho



O longa-metragem, em animação, As Aventuras do Avião Vermelho, acaba de ganhar um blog: www.aviaovermelho.com.br. Nele, os interessados poderão acompanhar o dia-a-dia da produção.

Um dos posts mostra, por exemplo, um vídeo com o passo a passo da animação do filme:

quinta-feira, novembro 19, 2009

Que exploração é essa?



No último domingo, estreou a série Que exploração é essa?, que eu dirigi, no Canal Futura. Com produção da Casa de Cinema, a série trata de um tema seríssimo: a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Além do primeiro episódio, que já passou e pode ser visto no Youtube, a série será exibida nos próximos 4 domingos, sempre às 17h20 no Canal Futura. Reprises na segunda-feira às 21h20 e no sábado às 20h20.

QUE EXPLORAÇÃO É ESSA?
(5 episódios de 7 minutos)

Direção: Camila Gonzatto
Roteiro: Zé Dassilva
Produção executiva: Nora Goulart
Coordenação de produção: Bel Merel
Direção de fotografia: Glauco Firpo
Direção de arte: Rita Faustini
Direção de produção: Nicky Klopsch
Bonecos: Paulo Balardim e Cia. A Caixa do Elefante
Montagem: Alfredo Barros
Edição de som: Kiko Ferraz Studios
Assistente de direção: Diego Martins
Assistente de arte: Luciana Urbani
Finalização: Maurício Canterle e Felipe Vincensi
Coord. de Finalização: Thaís Fernandes


Produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
Consultoria: Childhood Brasil / WFC-Brasil
Realização: Canal Futura

Saiba mais sobre a série nos sites do Canal Futura e da Casa de Cinema.

Assista ao primeiro episódio:

terça-feira, novembro 17, 2009

Huelva

Estou na terra das oliveiras. Essa afirmação pode não ser 100% correta, mas quase chega lá. Desde que o avião baixou um pouco para pousar no aeroporto de Sevilla, vejo plantações de "olivo", na língua local. Na viagem de carro de Sevilla até Huelva, muitos mais olivos. Para completar, hoje a noite, comi azeitonas assadas maravilhosas e uma salada temperada com um azeite de oliva espetacular. Digam o que quiserem, estou na terra das azeitonas, sim.

Demorei mais de 24h para chegar aqui. Talvez essa tenha sido a viagem de avião, ou aviões – porque foram quatro – mais longa que eu já fiz. A cidade de Huelva, apesar de pequena, parece muito legal. Vou explorá-la mais amanhã. Por hoje, o pouco que vi, foi suficiente. Uma coisa que achei curiosa, foi que entrei em dois bares na mesma rua, uma ao lado do outro, e eles só serviam bebida, nada para comer. Precisei procurar um lugar com comida. E foi lá, que junto com o chopp, serviam as tais azeitonas. Enfim, olivos e Cristóvão Colombo, me aguardem.

Sim, aqui também é a terra de onde Cristóvão Colombou zarpou para a descoberta da América!

segunda-feira, novembro 09, 2009

quinta-feira, novembro 05, 2009

Gravação de Vozes – Bolota & Chumbrega

Veja making of, feito com celular, da gravação de vozes do episódio-piloto da série Bolota & Chumbrega:



A série faz parte do AnimaTV. Conheça mais sobre o projeto no site da Armazém de Imagens.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Livro 10 anos de Especiais – lançamento na Feira



Nesse domingo (1º de novembro), na Feira, será lançado um livro, em que há um texto meu: Núcleo de Especiais RBS TV – Ficção e Documentário Regional. O meu texto é "Contando Histórias na Televisão", em que falo a partir da minha experiência como roteirista e diretora.

O lançamento será às 17h30min, na Feira do Livro de Porto Alegre, pela Livraria Sulina.

O livro, que é de autoria das pesquisadoras Elizabeth Bastos Duarte, Maria Lília Dias de Castro e Ana Cristina Machado da Silveira, tem textos de Alice Urbim, Gilberto Perin, Raul Costa Jr., Carlos Gerbase, Jorge Furtado, Alfredo Barros, Fabiano de Souza, Bernardo Zortea, Camila Gonzatto, Eduardo Muniz, Cristina Gomes e Marta Biavaschi.

terça-feira, outubro 27, 2009

Avião Vermelho no Dia da Animação




O projeto As Aventuras do Avião Vermelho participa das ações comemorativas do Dia da Animação. Na quarta-feira, dia 28 de outubro, em Porto Alegre, estaremos expondo, no Vestíbulo Nobre do Teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa, estudos e esboços do processo de criação dos personagens, dos cenários e das animações. O espaço estará aberto para visitação a partir das 18 horas. Às 19h30, haverá a Mostra Oficial do Dia da Animação, com filmes nacionais e estrangeiros, também na Assembléia.

As Aventuras do Avião Vermelho é um longa-metragem de animação que está em fase de produção. Baseado no livro homônimo de Erico Verissimo, o filme fala sobre a importância da imaginação. É através dela que o personagem principal – Fernandinho, um menino de 8 anos – viaja pelo mundo, supera seus medos e faz descobertas que marcarão sua vida para sempre.

Mais informações sobre o filme, estão aqui.

domingo, outubro 25, 2009

Bichanos

Fazia tempo que eu não postava fotos dos gatos. Então, só para não perder o costume:



segunda-feira, outubro 19, 2009

Lenora de Barros no Som e Sentido

Nessa terça, dia 20, acontece uma edição especial do Som e Sentido (PPGL/PUCRS), com a presença da co-curadora da Radiovisual da 7ª Bienal do Mercosul, Lenora de Barros.

Lenora atua ativamente no campo artístico desde a década de 1970. Formada em Linguística pela USP, a artista começou produzindo poesias visuais, que logo passaram a ser expressas unicamente em imagens. A partir de então, Lenora começou a construir um caminho em que usa diferentes linguagens.

É na arena do prédio 8 da PUCRS, às 18:45.

Mais informações aqui.

domingo, outubro 18, 2009

Um pouco de Bienal

No sábado de tarde, visitei as exposições do Cais do Porto da Bienal. Abaixo, registros do que achei mais legal (não necessariamente nessa ordem):






Instalação sonora Hoffmann's House, do trio José Pablo Díaz, Rodrigo Vergara e Carlos Cabezas



Vista de um dos pavilhões da mostra.




Trabalho de Daniel Sierra.




Parte do pavilhão da Mostra Absurdo. A areia faz parte da museografia. Num primeiro momento achei bem invasivo. Para pensar...




Trabalho de Daniel Acosta, na Praça da Alfândega, em frente ao Santander Cultural.




Trabalho de Daniele Buetti, talvez um dos mais urbano do Cais.




Instalação sonora do Chelpa Ferro. Gosto muito dos trabalhos deles.


Tem ainda um vídeo em stop-motion, que fica no segundo andar de uma casinha, no Pavilhão da Mostra Absurdo, que gostei bastante, mas não registrei.

Vou tentar ver MARGS e Santander logo, porque depois que abrir a Feira, vai virar uma loucura.

quarta-feira, outubro 14, 2009

O caderno vermelho



Vi O Caderno Vermelho, do Paul Auster, na livraria dia desses antes do feriado e prontamente comprei. Achei que o livro teria alguma coisa a ver com a trilogia de Nova York, que eu gosto muito. Foi um certo fetichismo em torno da tal caderneta que é bem importante na trilogia. O Caderno, na verdade, traz histórias de coicindências, que teoricamente partem da realidade de Auster. Apenas um texto fala na trilogia e não nada a ver com o objeto. De qualquer maneira, é um livro gostoso, anedótico, com diversão garantida.

terça-feira, outubro 06, 2009

Som e Sentido – Leminski

Hoje tem Som e Sentido na PUC, com obras do poeta curitibano Paulo Leminski.



Saiba mais informações aqui.

segunda-feira, outubro 05, 2009

pata pata pata
da gata
a gata é uma pata?
não é uma gata

domingo, outubro 04, 2009

quinta-feira, outubro 01, 2009

Amor


Discutir as possibilidades do amor na contemporaneidade a partir da literatura e do cinema é o objetivo do ciclo de palestras Amor na Contemporaneidade: A Fragilidade dos Laços Humanos.

Nos meses de outubro e novembro de 2009, um professor e um aluno do curso de pós-graduação em Letras da PUCRS se encarregam de propor a discussão a partir de livros e filmes previamente escolhidos.

Os encontros iniciam a partir da próxima sexta, dia 2. Confira a programação:

02/10
Livro "Primeiro Amor", de Samuel Beckett (Profa. Dra. Ana Mello/PUCRS)
Filme "Encontros e Desencontros" (Camila Gonzatto/Mestranda PUCRS)

23/10
Livro "Almoço Nu", de William Burroughs (Maurício Krebs/Mestrando PUCRS)
Filme "Crash" (Profa.Dra. Rosangela Fachel)

06/11
O Amor em Drummond (Prof. Dr. Antônio Sanseverino/UFRGS)
Filme "Não Amarás" (Vinícius Carneiro/Mestrando PUCRS)

20/11
Livro "Amor Líquido", de Zygmunt Bauman (Prof.Dr. Ricardo Barberena/PUCRS)
Filme "O Homem que amava as Mulheres" (Marcelo Noah/Mestrando PUCRS)

O evento será realizado na Arena, prédio 8, PUCRS, às 18h, com entrada gratuita.

Na terça-feira anterior aos debates, será exibido o filme da semana, na sala 305, das 17h30 às 19h20.

O evento é realizado pelo grupo de pesquisa Paisagens Identitárias na Contemporaneidade, da linha Teorias do Imaginário, que tem coordenação do Prof. Dr. Ricardo Barberena e a participação dos alunos: Camila Gonzatto, Camila Leão, Estevan Ketzer, Guilherme Zubaran de Azevedo, Julio Dominguez Aguilar, Marcelo Noah, Maurício Krebs, Pedro Mandagará e Vinícius Carneiro.

Mais informações, acompanhe o blog: http://fragmentosdesentido-pucrs.blogspot.com/

sábado, setembro 19, 2009

Torreão

Hoje, abre a última intervenção no Torreão. Não tem como não sentir saudades antecipadas de tocar a campainha e recolher a chave jogada, com uma cordinha, da janela do segundo andar. Abrir a porta e subir as escadas sempre foi, para mim, uma metáfora de abrir-se para a experiência.

O Torreão foi e tem sido importantíssimo para a minha formação em artes. Foi ali que dei os primeiros passos, quando estava fazendo a minha monografia que analisava o uso de meios publicitários pela Jenny Holzer. Depois, disso, não larguei mais. Sempre foi uma aluna irregular, fazia um semestre, não fazia no outro, voltava no ano seguinte. E assim foi desde 2001. Mas estar lá era sempre uma alegria. As aulas do Jailton, as conversas com a Elida, as trocas com os colegas, são os pontos fortes dessa convivência, que vai continuar povoando o meu imaginário e acontecendo na prática em outro lugar (o Jailton vai continuar com as aulas e as orientações, ainda bem!).

O Torreão fecha, mas acredito que a conversa continue. Temos muito ainda que ouvir e que falar e que abrir de horizontes, principalmente quando se trata de um campo tão plural e criativo, quanto o das artes. E, principalmente, quando se tem ao lado pessoas tão especiais.

No ano passado, o Torreão fez 15 anos e eu fiz uma entrevista longa com o Jailton e a Elida. Quem quiser ler, é só clicar aqui.

Colo aqui a notinha que a Luísa, escreveu para o site da Fundação Iberê Camargo sobre a intervenção do Martin Streibel, nosso colega, que abre hoje:

"18.09.2009
Última intervenção

O Torreão, espaço de arte independente de Porto Alegre, dá início a sua última intervenção. Matéria Plástica, do artista e fotógrafo Martin Streibel, entre em cartaz neste sábado, dia 19, às 18h, marcando o encerramento das atividades no espaço.

“Não estamos morrendo de velhos. Estamos morrendo de acidente”, brinca Jailton Moreira, que, junto de Élida Tessler, coordena o espaço. Isto porque, depois de mais de 15 anos de atividades, o Torreão terá de fechar suas portas devido à solicitação dos proprietários do imóvel, que não desejam mais alugar o espaço – um andar e a torre de uma antiga residência no tradicional bairro do Bonfim.

O clima, porém, não é de nostalgia. “Se, em parte, a notícia nos entristece, temos um super orgulho de nosso feito”, destaca Jailton, referindo-se à formação de um espaço de constante discussão e experimentação artística. Além de encontros teóricos semanais, o Torreão abrigou os ateliês dos dois artistas proprietários e um total de 88 intervenções, feitas por artistas – alunos ou não – advindos dos mais variados meios. “Temos 88 versões documentadas sobre este espaço. São dois infinitos de pé”, reflete.

A intervenção de Martin Streibel fecha este ciclo. Ex-aluno doTorreão, o artista trabalha com fotografia e pintura, e por isso foi desafiado a criar uma intervenção no local. “Ele não tinha uma trajetória tridimensional, mas sabíamos que poderia responder a esta provocação”, acredita Jailton.

Matéria Plástica fica em cartaz até 8 de outubro. Depois disto, Jailton e Élida – que, atualmente, cursa pós-doutorado em Paris –, irão decidir de que forma continuarão atuando no universo das artes. O que está definido, até agora, é que os encontros semanais de discussão e as orientações para pequenos grupos de artistas continuam. “Só temos planos de não repetir o Torreão. Foi uma experiência que teve uma personalidade muito marcada. Qualquer tentativa de fazer igual seria muito nostálgica – e nenhum de nós dois tem vocação para isto”, enfatiza Jailton.

O Torreão fica na rua Santa Terezinha, 79."

sexta-feira, setembro 18, 2009

Tratado de Liligrafia amanhã




Pra quem tem filho pequeno, sobrinho, primo, afilhado... a dica para esse sábado é o CINEMINHA NA LEZANFAN!

Vai passar o curta metragem TRATADO DE LILIGRAFIA, que tem 13 minutos e é baseado em textos de Mario Quintana. O filme conta a história de Lili, uma menina que vai passar o final de semana com seu avô. Ele prepara uma divertida brincadeira: ela deve achar um tesouro escondido em algum lugar da casa. As pistas estão contidas nos poemas de Mario Quintana. Com a ajuda do avô e da cozinheira Hortênsia, Lili irá encontrar o tesouro e mergulhar no universo do poeta, descobrindo um mundo de sonhos e fantasias. TRATADO DE LILIGRAFIA tem direção de Frederico Pinto, roteiro de Camila Gonzatto, Ivana Verle e Frederico Pinto e produção da Armazém de Imagens e da Okna Produções.

O local da exibição é a loja infantil Lezanfan (Rua Barão de Santo Ângelo, 174 - Moinhos de Vento). A primeira sessão será às 14h e a cada 30 minutos se repetirá, até as 17h. Será uma tarde mágica, repleta de brincadeiras, pipoca e diversão para toda a família, com entrada franca!

Venha prestigiar!

O QUE? 1ª SESSÃO DE CINEMINHA na Lezanfan
QUANDO? Sábado, 19 de setembro
QUE HORAS? A primeira sessão será às 14h e a cada 30 minutos se repetirá, até as 17h
MAS ONDE MESMO? Na Lezanfan, Rua Barão de Santo Ângelo, 174 – bairro Moinhos de Vento

Fotos de divulgação: Flávio Dutra

segunda-feira, setembro 14, 2009

positivo ou negativo?



Cartaz que pode ser visto na exposição Sinais de Fumaça, no CCSP. A exposição tem curadoria de Carla Zaccagnini, Fernanda Albuquerque e Sylvie Boulanger e está bem bacana. Vale a pena olhar com calma, porque como são publicações de artistas tem que ter um tempinho para ler.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Gatitos

Fotos dos gatos no inverno, que acabou de acabar (será?):


Bô vendo um mundo por outro ângulo.




Nikita adora se aconchegar num cobertor.




Nikita com roupa cirúrgica, depois da castração.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Cuide de Você





Na semana passada, fui para São Paulo para a Mostra Internacional de Curtas, porque o meu vídeo do Philip Glass estava passando e eu queria assisti-lo numa sessão no Festival. Aproveitei para ver a exposição Cuide de Você, de Sophie Calle. Estava a fim de ver algum trabalho dela ao vivo, desde que o Jailton me mostrou alguns catálogos dela no Torreão.

Nunca tinha ido no Sesc Pompéia, um espaço bem legal, projetado pela Lina Bo Bardi. A exposição de Sophie Calle ocupa uma galeria. Não é um espaço muito grande, mas dá conta do recado. A história da exposição é simples: a artista recebeu um e-mail do namorado Grégoire Bouillier rompendo a relação. O e-mail acabava com um Cuide de Você. Sem saber como lidar com a situação, Sophie Calle decidiu levar a cabo a recomendação e chamou 107 mulheres para responder ao e-mail, cada qual dentro de sua profissão. As respostas são as mais variadas, todas acompanhadas de fotos belíssimas das mulheres. Há também respostas em vídeos – alguns muito simples, mas sempre muito bonitos. A exposição começou a me incomodar quando vi que as respostas eram quase um uníssono. Praticamente todas as releituras da carta, num certo sentido, estavam “do lado” de Sophie.

Não gostaria de entrar no mérito estético nem artístico da exposição. Ambos são inquestionáveis. Visitar a exposição é uma experiência intensa e prazerosa. Mas, para mim, o que mais pegou foi o fato da artista ter feito um circo um pouco grande demais para um evento íntimo. Um dos trabalhos é um vídeo com uma especialista em relações familiares. Nele, Sophie ocupa uma cadeira e a outra, destinada a Grégoire, é ocupada pela carta de ruptura. Para mim, este trabalho é a chave interpretativa da exposição, se é que exposições estão aí para serem interpretadas. Sophie diz para a terapeuta que nunca teve prazer com namorado, porque sempre teve medo de que fosse a última vez, entre outras declarações que nos dão pistas de que talvez nenhum dos dois tenha razão. Pista óbvia quando se trata de relacionamento. Ao mesmo tempo em que Grégoire é acusado de que não soube amar Sophie, a artista admite que não soube lidar com a situação do rompimento.

Saí da exposição pensando nessas coisas e de como deve ter sido para ele essa situação. De uma hora para outra o sujeito é “quase” impedido de acabar um relacionamento. Fiquei questionando se o cuidar-se também não implica o cuidar do outro. E, também se não seria um exagero extrapolar dessa forma os limites entre o público e o privado, apesar do cunho artístico e já ficcional da proposta. Sobre isso achei uma frase que Grégoire disse na FLIP e que achei bem simpática, independente de ser uma sentença verdadeira ou uma simples frase de efeito: “a arte nunca é sobre o público ou o privado. A arte é sempre sobre a interioridade de um sujeito”. De qualquer maneira, acho que eu teria gostado mais da exposição se eu não soubesse se era fato ou ficção, como outros trabalhos da artista. Ao saber sobre a realidade dos acontecimentos, o trabalho ganha um caráter de novelesco demais.

Chegando em Porto Alegre, encomendei o livro de Grégoire, O convidado surpresa, que conta como ele conheceu Sophie Calle em uma de suas festas de aniversário. Achei boa literatura, apesar de o texto ser um pouco verborrágico demais, e vi nele uma concretização da afirmação acima do escritor. Para mim o ciclo que a exposição abriu, só fechou depois que li o livro – os dois acabaram constituindo-se no mesmo trabalho.

sexta-feira, julho 03, 2009

mapas




Eu adoro mapas. A primeira coisa que faço quando chego numa cidade que não conheço é conseguir um. O mapa serve para se achar e se perder. Às vezes, depois de dar uma olhada, não chego a abri-lo mais. Esses dias, achei na internet esse mapa, ali em cima, do metrô de NY feito com filmes. Falando sobre ele, um amigo indicou o Mapa Literário de NY. Adorei as iniciativas.

sábado, junho 20, 2009

Como anda o seu tempo?

Acabei de assistir a esse vídeo do Lucas Levitan. Legal para pensar como está o nosso ritmo e o nosso tempo:

Time Racing from Lucas Levitan on Vimeo.

Sem lenço, sem documento

Olha o absurdo: recentemente fiz uma viagem só com bagagem de mão. Para evitar filas, fiz um e-checkin, naqueles computadores que ficam na frente da companhia aérea. Só que, em função disso, fui e voltei sem precisar apresentar nenhum documento. Não é no mínimo estranho?

sábado, junho 13, 2009

A última do Bô

Eu nem sabia que gato sentava... O Bô até anda dormindo assim...




Mais umas fotos dos bichanos:


terça-feira, junho 09, 2009

Som e Sentido



Som e Sentido é um evento realizado na PUC por bolsistas da pós-graduação, coordenados pelo Prof. Ricardo Barberena. A idéia é ouvir textos de autores legais em suas próprias vozes. O responsável por essa pesquisa é o Marcelo Noah, que é aficcionado por poesia. Hoje, é a vez de Vinicius de Morais. O evento será realizado todas as terças de junho, às 18h45, na Arena, segundo andar do prédio 8.

domingo, junho 07, 2009

Curta-metragem no Em Anexo

Amanhã, dia 8, às 19h, vou dar uma palestra no projeto Em Anexo, do Atelier Livre, sobre curta-metragem para cinema e TV. A palestra faz parte de um pacote de cinco, que vou fazer nesse ano. A primeira foi sobre Linguagem Cinematográfica. As inscrições podem ser feitas para todas ou avulsas.

A programação completa, está pode ser acessada aqui.

terça-feira, junho 02, 2009

Sartre

Já que estamos na quinzena Sartre de leituras no grupo de pesquisa, aqui um trechinho:

"(...) Esta, a origem de minhas relações concretas com o outro: são inteiramente comandadas por minhas atitudes com relação ao objeto que sou para o outro. E, como existência do outro revela-me o ser que sou, sem que eu possa apropriar-me deste ser ou sequer concebê-lo, esta existência irá motivar duas atitudes opostas: o outro me olha e, como tal, detém o segredo do meu ser e sabe o que sou; assim, o sentido profundo de meu ser acha-se fora de mim, aprisionado em uma ausência; o outro leva vantagem sobre mim".

O Ser e o Nada, pg. 453

domingo, maio 17, 2009

Bô e Nikita

O início foi complicado (ver vídeo de dois posts atrás), mas hoje em dia, eles se adoram!


segunda-feira, maio 11, 2009

Nikita e Bô

Pequeno vídeo do dia em que a Nikita chegou em casa. (foi no final de março)

domingo, maio 10, 2009

La mujer del viajero en el tiempo

Clare: Es duro quedarte siempre atrás. Espero a Henry; no sé dónde está y me pregunto si estará bien. Es duro ser la que queda.

Me mantengo ocupada. El tiempo transcurre más deprisa de ese modo.

Me voy a dormir sola, y sola me despierto. Doy paseos. Trabajo hasta agotarme. Observo el viento juguetear con los escombros que arrastan el invierno hasta la nieve. Todo parece simple hasta que piensas en ello. Por qué la ausencia intensifica el amor?

Hace mucho tiempo los hombres salían al mar, y las mujeres los esperaban, de pie junto a la orilla, escrutando el horizonte para divisar el dominuto barco. Ahora yo espero a Henry. Él se desvanece sin quererlo, de repente. Yo lo espero; y cada momento de esa espera lo percibo como un año, como una eternidad. Cada momento resulta tan lento y transparente como el cristal. A través de cada instante puedo ver infinitos alineados, aguardando. Por que se há marchado a dono yo no puedo seguirlo?

Henry: Que se siente? Qué se siente en la realidad?
A veses es como si tu atención errara durante tan solo un instante. (...)



Esse é o início do livro La mujer del viajero en el tiempo, de Audrey Niffenegger. É uma história de amor, em que Henry tem a capacidade ou incapacidade de viajar no tempo. Ele sempre lembra de tudo o que viveu. A história parece boba, mas é bem legal. Fala sobre espera, sobre entrega, entre outras coisas. Comprei esse livro no ano passado na Fnac em Madri. Eu li esse trecho e não resisti, tive que comprá-lo, mesmo sendo uma tradução do inglês para o espanhol. São aquelas pequenas oportunidades que aparecem e que se a gente não aproveita, já passaram. A autora é uma artista plástica americana. E, talvez o ritmo do livro, dê a idéia do tempo dilatado de uma videoarte, mas que faz todo sentido, porque também ficamos esperando as páginas passarem e as coisas acontecerem, assim como Clare espera Henry.

sexta-feira, maio 08, 2009

um texto

Ela sempre teve fascínio por línguas. Vivia repetindo que talvez fosse possível aprender por osmose. Não no sentido literal, claro. Mas dizia que se morássemos por um período em um país com uma língua muito diferente, só de ouvir e conviver, as relações poderiam ser estabelecidas e tudo ficaria claro.

Esquecer não posso do dia que cheguei com um alcorão. Seus olhos brilharam. Em menos de dois gestos, o livro deixou de ser meu e passou para as suas mãos. Ela olhava cada página com a atenção de quem está decifrando pistas de um tesouro. Aquelas folhas fininhas, delicadamente impressas pareciam ganhar novo sentido em suas mãos. Copiava os desenhos, tentava estabelecer as tais relações.

Decidiu que precisava ouvir alguém recitando as linhas e foi para Omã. Voltou sem palavras. Disse que a osmose não funcionara. E, foi justamente esse o motivo de seu encanto.

terça-feira, maio 05, 2009

Utopia de idiorritmia

"Sem dúvida o problema mais importante do Viver-Junto: encontrar e regular a distância crítica, para além e para aquém da qual se produz uma crise".

"A tensão utópica - que jaz no fantasma idiorrítmico - vem disto: o que é desejado é uma distância que não quebre o afeto ("pathos das distâncias: excelente expressão). (...) Alcançaríamos, aqui, aquele valor que tento pouco a pouco definir sob o nome de "delicadeza" (palavra um tanto provocadora no mundo atual). Delicadeza seria: distância e cuidado, ausência de peso na relação, e, entretanto, calor intenso dessa relação. O princípio seria: lidar com o outro, os outros, não manipulá-los, renunciar ativamente às imagens (de uns, de outros), evitar tudo o que pode alimentar o imaginário da relação = utopia propriamente dita, porque forma do Soberano Bem".

Dois trechos do livro Como viver junto, do Barthes. Achei tudo bem interessante.

segunda-feira, abril 27, 2009

Kiko Goifman


Para quem estiver por aqui no feriado. Kiko Goifman está lançando o seu Filmefobia, dia 1º de maio, aqui em Porto Alegre, no Unibanco Arteplex. O filme ganhou vários prêmios em Brasília.

quinta-feira, abril 23, 2009

Em Anexo

Em 2009, vou participar do Projeto Em Anexo, do Atelier Livre da Prefeitura, dando cinco palestras sobre cinema. O projeto tem coordenação de Ana Flávia Baldisserotto e Niura Legramante Ribeiro. Os encontros são sempre em segundas-feiras, às 19h. As inscrições podem ser feitas diretamente no Atelier Livre: Erico Verissimo, 307. Telefone: 3289 8057.

Aqui está a sinopse das palestras:

4 de maio
A linguagem cinematográfica
Uma conversa sobre a linguagem cinematográfica. Noções de seqüência, cena, plano, tomada. A narrativa, o tempo, a montagem.

8 de junho
O cinema de curta-metragem
Um olhar sobre o curta-metragem e a sua produção no RS, incluindo a produção de televisão. Reflexões sobre o papel do curta: exercício ou estética?

17 de agosto
Cinema e literatura
Quais são as possibilidades de diálogo entre o cinema e a literatura? Nesse encontro, vamos pensar sobre a adaptação de textos para o cinema.

14 de setembro
O documentário
Uma discussão sobre o cinema do real. Quais são os limites entre o documentário e a ficção? Filme para conversa: Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho.

19 de outubro
O cinema e a videoarte
Intersecções entre o cinema e a videoarte a partir do trabalho de artistas que embaralham suas fronteiras: Cão Guimarães, Miranda July, entre outros. A narrativa e o tempo.

Reciclagem

Recebi este e-mail da Gueibi. Achei BEM legal:

Pessoal,

Uma turma de Marketing Social do Senac está desenvolvendo um projeto de reciclagem de lixo eletrônico (aparelhos de TV, som, videocassete, DVD, aparelhos celulares, micros, teclados, mouses, carregadores, eletrodomésticos,...). Este projeto tem 3 benefícios: dar um destino a entulhos que temos em casa e não sabemos o que fazer; benefício ao planeta, pois todos estes produtos têm componentes tóxicos, que contaminam o solo e as pessoas, além de demorarem séculos para se decompor; e ajudar uma cooperativa de reciclagem, constituída por 45 famílias, ex-moradores de rua, que vivem exclusivamente da coleta de lixo. Acho que são três excelentes motivos para você doar algo que esteja ocupando espaço na sua casa e repassar este email para todos os seus contatos.

A campanha será realizada de 13 a 24 de abril de 2009.

Postos de coleta: Senac, Coronel Genuíno 130 e 358. Centro, POA.

quinta-feira, abril 09, 2009

Nikita



Essa é a nova habitante da casa. Uma mini-gata de um mês e meio, que nós adotamos para fazer companhia para o Bô. Depois de alguns dias complicados de adaptação entre os bichanos, agora eles já brincam juntos, comem juntos e se divertem...

Bolota & Chumbrega

Bolota & Chumbrega é um projeto de série de animação infantil que eu estou envolvida e foi selecionado no AnimaTV para a etapa de desenvolvimento de projeto e piloto. Na divulgação, abaixo, dá para ter uma idéia dos desenhos fofos que a Carla está fazendo, misturando técnicas de colagem e desenho propriamente dito. Na história, uma gata de rua, um cachorro e um hamster de apartamento viajam em busca de descobertas gastronômicas.


segunda-feira, março 16, 2009

Sonhos e pesadelos

Passei a noite sonhando com o livro. Também não poderia ser diferente. Acabei de lê-lo na madrugada. O livro é forte, intenso, duro – todas essas características são positivas, deixo claro. Trata-se de “O Filho da Mãe”, de Bernardo Carvalho. O livro faz parte da coleção Amores Expressos, que levou escritores a residências em diversas partes do mundo.

Nesse caso, a residência foi em São Petersburgo, na Rússia. Diferente dos outros livros do autor que li, em que as situações são resolvidas apontando para algo positivo (não se trata de otimismo, mas de resoluções positivas para os personagens), neste não: o amor destrói, assim como a guerra. Mas o amor também é o principal ponto de confluência entre os personagens. Um amor necessário, que faz com que todos tomem decisões por vezes equivocadas, por outras desesperadas, mas sempre evidenciando sua fraqueza frente ao mundo, e que acaba por se desintegrar em meio a uma Rússia de mães desesperadas em salvar seus filhos da guerra contra a Tchetchênia.

O livro tem uma narrativa ágil e organizada por capítulos que vão contando a trajetória de dois personagens, um russo e um tchetcheno, Andrei e Ruslan, dois jovens de idades similares, que acabam por se encontrar numa São Petersburgo violenta e fria.

Acabei de ler o blog do projeto. Tem muito a ver com o clima do livro. Imagino o quão difícil foi falar de amor nesse contexto.

domingo, março 01, 2009

Punta del Diablo






Nesse feriado de Carnaval mudamos o tradicional destino de Santa Catarina e fomos para Punta del Diablo, que é uma das primeiras praias do Uruguai depois do Chuí. A praia de pescadores está crescidinha, com uma certa estrutura, mas mantém vários aspectos de praias pouco habitadas. Isso traz um pouco de estrutura básica para quem vai (casas, chalés, hostal, hotel, minimercados, alguns restaurantes, sorveteria, padaria), aliado a um bom descanso longe das multidões.

A viagem de carro ou ônibus para o Uruguai é sempre animadora (detalhe: não tem ônibus direto para Punta Del Diablo. Nós fomos de carro): estradas em boas condições, com movimento razoável e uma paisagem inspiradora do sul - pastagens, céu que parece tocar o chão, horizonte sempre visível e distante.

Ao chegar em Punta del Diablo, o que mais chama a atenção é a arquitetura. Esquisitíssimas, as casas não parecem obedecer ruas. Estão viradas em todos os sentidos. O que poderia parecer um emaranhado de caixotes, se diferencia pelas cores e abundâncias de janelas envidraçadas com vistas para o mar ou para a paisagem. Um charme.

O povoado tem três praias, que são divididas pela "Punta del Diablo" propriamente dita - uma reentrância de pedras no mar. Para a direita, fica a praia de La Viuda, com pôres do sol incríveis. Para a esquerda, estão a Praia dos Pescadores e a Praia del Rivero. A praia de la Viuda e a praia del Rivero são grandes, de mar aberto, mas ao fundo delimitadas por bonitas pedras. O mar é agitado, bom para o surf, eu imagino.

Uma caminhada informal pelas pedras do fim da praia del Rivero nos revelou uma outra praia, ainda maior, e de mar mais calmo, que possibilita inclusive nadar e boiar tranquilamente. É a Praia Grande, que já não faz mais parte de Punta del Diablo e sim de Santa Tereza.

O clima em fevereiro é bom, com manhã e noites frias, recheadas de dias quentes, bons para a praia. Nós pegamos dois dias de muita chuva e frios e três dias de sol. Conversando com o pessoal local, parece que janeiro tem mais vento e março é muito bom, porque há uma mudança na maré que deixa a água mais quente. Nessa época, chegam os turistas americanos, que buscam a paz do período pós-férias.

Postei algumas fotos no Flickr. Dessa vez não fiz muitas. Estava a fim de descansar. Para mais informações sobre a praia, inclusive hospedagem, o site Portal del Diablo é ótimo.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Doe alimentos

No site do Banco de Alimentos, com um clic, você doa alimentos. Bem legal!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Chá

Eu amo chás! São saborosos, cheirosos, inspiradores, relaxantes.

E, o site Adagio Teas é uma perdição.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Dia:Beacon









Em novembro, quando eu fui para Nova York, um dos lugares que eu visitei e que mais me impressionou foi a Dia:Beacon, tanto em termos obras expostas, quanto de modelo de instituição e também de espaço e arquitetura. Escrevi esse texto para o site da Fundação Iberê Camargo sobre isso. Reproduzo-o aqui embaixo:

Dia:Beacon

Localizada às margens do rio Hudson, a 80 minutos de Nova York, a Dia:Foundation mostra seu acervo de obras de grande dimensão de artistas dos anos 1960 e 1970

A visita começa bem antes – ainda na Estação Central de Nova York, enquanto o visitante espera pelo trem. A beleza da estação encanta. O trem que vai para Beacon é pontual e desliza vagarosamente às margens do rio Hudson. Uma paisagem de encher os olhos e esvaziar a cabeça. Um momento de introspecção que prepara a visita. Uma hora e pouco depois se chega a Beacon. A Dia:Beacon, um braço da Dia:Foundation, talvez o maior deles, fica a cinco minutos de caminhada da estação.

O prédio, que reflete a típica arquitetura industrial do início do século passado, foi construído na década de 20 para abrigar uma fábrica da Nabisco. O dono mais recente da antiga fábrica foi a International Paper, que a doou para a Dia:Foundation. Às margens do Hudson, o enorme pavilhão se relaciona com o entorno através de grandes aberturas envidraçadas e de um jardim, projetado pelo artista Robert Irwin, que também desenhou todo o interior da Fundação. Graças a isso, muitas obras de alguma maneira também se relacionam com o exterior e a paisagem. Outro dado importante ligado à museografia é que a instalação das obras, sempre que possível, foi feita com a participação dos artistas.

Mas, talvez o que mais impressione ao entrar, seja a abundância de espaço e o conforto de estar nele, proporcionado pelo silêncio e por sofás confortáveis, que permitem o deixar-se estar em frente a uma obra por horas. Essa quebra, em relação aos museus concorridos e lotados de Nova York, ajuda a melhorar a experiência da visita e facilita o contato com as obras.

A Dia:Beacon foi aberta em 2003 com o objetivo de trazer para o público obras de grande porte da Dia:Foudation, que não podem ser mostradas em museus tradicionais pelas suas dimensões. A coleção tem um foco em artistas dos anos 60 e 70 e grande parte foi comprada ou mesmo financiada entre 1974 e 1983. No início dos anos 2000, outras obras foram incorporadas à coleção, mas sempre de artistas da mesma geração e com afinidade com os artistas já participantes da coleção. “Um diferencial da Dia é que ela financia e acompanha artistas individualmente”, esclarece Lynne Cooke, curadora da Fundação.

Um dos pontos altos da Dia é a coleção de minimalismo, que está em cartaz em Beacon. Artistas como Donald Judd, Dan Flavin, Michael Heizer e Fred Sandback podem ser vivenciados em amplas salas, que dão conta de mostrar um conjunto de obras significativas de suas produções. “Esses artistas acreditavam que para melhor entender os seus trabalhos o contexto em que eles estavam expostos seria fundamental. Não são trabalhos de arte conceitual, eles precisam ser experimentados fisicamente no tempo e no espaço ”, afirma Cooke.

Outro ponto imperdível da visita são as obras de Richard Serra: além de pequenas salas de trabalhos únicos, há um espaço dedicado a três esculturas monumentais do artista. Nessas esculturas é importante a experiência individual e solitária do visitante. Elas são grandes elipses irregulares, em que é possível entrar e vivenciar diferentes sensações, que vão da curiosidade ao medo.

A Dia:Beacon expõe ainda diversos trabalhos de um time de primeira linha, que inclui: Bernd and Hilla Becher , Joseph Beuys , Louise Bourgeois, John Chamberlain, Hanne Darboven, Walter De Maria, On Kawara, Imi Knoebel, Sol LeWitt, Agnes Martin, Bruce Nauman, Max Neuhaus, Blinky Palermo, Gerhard Richter, Robert Ryman, Robert Smithson, Andy Warhol e Lawrence Weiner.

A cada cinco anos as obras expostas são alteradas, mas os trabalhos mais significativos não são tirados de exibição. Algumas exposições temporárias de longa duração também são realizadas. Até setembro desse ano, por exemplo, pode ser vista a mostra Sol LeWitt, Drawing Series..., e, em maio, inaugura a exposição Antoni Tàpies – Works from 1960s and 1950s.

No site da Dia:Foundation é possível conhecer mais sobre a Fundação e suas outras sedes, espalhadas em Nova York e em outros lugares dos Estados Unidos. Entrando no link específico da Dia:Beacon pode-se ver algumas imagens dos trabalhos de cada artista e ler textos, em inglês, sobre suas trajetórias.

Um dia inteiro em Beacon deixa com vontade de voltar. A Dia:Beacon fecha às quatro da tarde. Hora de sair rumo à estação de trem. A viagem de volta é rápida. Mal dá tempo de assimilar tudo o que foi visto. Por outro lado, pode-se dizer que a viagem não tem fim, que ela vai criando conexões ao longo do caminho, em todos os outros museus e galerias que se visita ou num livro que se abre. Quando for a Nova York, não esqueça de incluir em sua agenda uma viagem a Beacon. Ou, planeje uma especialmente para isso. O conjunto de obras que está ali não pode ser visto em nenhum outro lugar.