sábado, novembro 27, 2010

Um pouco de Bienal



Vi só um pouquinho da Bienal. Queria ter visto mais, mas não deu tempo. Espero conseguir ver mais quando eu voltar para São Paulo. Gosto muito do trabalho dos curadores - Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos - e estava curiosa para saber o que eles tinham colocado no copo de mar dessa Bienal. (Há sempre um copo de mar para um homem navegar, verso de Jorge Lima é o título desta edição da mostra).

Já que eu tinha menos de uma hora, segui o conselho do Eduardo Nasi, fui direto ver o Abajur do Cildo Meireles. Realmente vale a pena. Publiquei uns vídeos no Youtube e fiz umas fotos. Mas é uma obra que precisa ser vista pessoalmente. Ela é muito potente. Me encheu de tristeza vê-la. Fiquei lá todos os 15 minutos da sessão das 11h30 de ontem. Ela é bela, poética e te dá um tapa na cara. Dentro do viés político da Bienal, funciona muitíssimo bem. Comecei a me sentir mal quando os homens começaram a olhar para cima para ver se ainda tinha alguém. Saí. O segurança fechou. Sessão encerrada. Ela fica tão entranhada na gente que é difícil prestar uma atenção "fresca" no resto. Então, não sei se é uma boa obra para começar. Talvez melhor para acabar.








No caminho até o Cildo, passei por outro Cildo, que são as notas de dinheiro com as Inserções em Circuitos Ideológicos. Já tinha visto no Museu da Philadelfia, junto com as garrafas de Coca-Cola, mas é tão legal, que sempre vale a pena rever. Ali pertinho, tem duas obras do Helio Oiticica, que ninguém se importa de ver também... Seja marginal, seja herói e um bólide. Faltou ver o Ninhos do Hélio. Na real, faltou ver tanta coisa...

Logo na sala ao lado tem o Barrio. Foi bem impactante ver as Situações (aquelas obras das trouxas) em fotos ampliadas. Só tinha visto em reproduções de livros e sempre muito pequenas. Foi uma boa experiência ver as fotos grandes e num conjunto maior também.

Outra coisa que eu vi no caminho foi uma instalação do Eduardo Coimbra, chamada Luz Natural, em que lâmpadas fluorescentes ganham ares de céu com nuvens. Um trabalho bem bonito, que as fotos não conseguem registrar direito.





Quase chegando no Abajur tem um vídeo do Paulo Bruscky, que também me chamou atenção: Arte/Pare, de 1973. É um vídeo de uma ação muito simples, de fechar uma rua com uma fita vermelha, mas que visto com o título tem um impacto legal. A foto lá de cima é do trabalho.

Também não deixei de dar uma passada para ver os desenhos do Gil Vicente matando políticos. E, por falar em obras polêmicas, acabei não vendo o Nuno Ramos com os urubus... acho que perdi bastante. Imagino que eles deviam dar muito mais força à obra.

Por fim, depois de finalmente chegar no Abajur, resolvi sair pelo outro lado e ganhei de presente o vídeo Tornado, do Francis Alÿs. Gosto muito dele. Lembram da Fé move Montanhas, estava aqui em Porto Alegre na última Bienal? O vídeo do tornado é tão incrível quanto. Uma bela imagem para encerrar a minha primeira visita a essa Bienal.


Uma exposição com muitos sim(s)






Ontem, fiz uma visita à jato a São Paulo e aproveitei para visitar um pedacinho da Bienal e o MAM/SP. Sobre a Bienal, falo depois, agora queria falar sobre a exposição do Ernesto Neto no MAM, que visitei com o Eduardo Nasi.

Pode tocar nas obras, pode pisar, pode subir, pode sentar, pode tocar piano e instrumentos de percussão, pode deitar numa cama de bolinhas. Esse é o clima da mostra, que segue a linha de trabalho do artista, mas que dessa vez opta pelo lado lúdico da obra de arte. Nem preciso dizer que as crianças adoram. Estava lá um menininho que não devia ter mais de três anos, completamente encantado com a mostra. Mas o clima de playground acaba contaminando os adultos também. Foi sentar num balanço, que a minha perspectiva da exposição mudou.

Na aposta de um visual colorido e alegre, Ernesto Neto acaba nos transportando para as nossas próprias infâncias. Seria uma exposição sobre memória? Talvez. Talvez também seja sobre a reconstrução de um mundo perdido (ou encontrado). Ou, simplesmente sobre a possibilidade de aceitar um Dengo, como o nome da mostra propõe.

Mas, para curtir, tem que entrar na onda, olhar, tocar, sentar, pisar...

quarta-feira, novembro 24, 2010

Fios e pássaros

Acabo de fazer uma pausa no trabalho da minha dissertação para tomar um café, respirar um pouco e começar um alfajor (já experimentaram os Cachafaz? Tem um que é de maizena com doce de leite e coco em volta que é incrível). Resolvi ver um vídeo no Youtube e acabei vendo este, que a minha professora de francês mandou:


Fiquei muito tocada com a história toda. Por alguns motivos.

Primeiro também gosto de fotografar pássaros em fios:






Aqui tem um pequeno vídeo dos mesmos pássaros da foto cinza de cima:



Segundo, que quando eu fiz o vídeo com o Philip Glass...


... também parti de uma foto, de fios de luz, que para mim, lembravam uma partitura:


São pequenos detalhes que tornam o dia melhor: café, cachafaz, cerejas naturais, fios, pássaros e música.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Arte contemporânea em Convivências



Hoje, às 19h, abre uma exposição bem legal na Fundação Iberê Camargo: Convivências. Com curadoria de Jailton Moreira, a mostra reúne os artistas que foram contemplados nos dez anos da Bolsa Iberê Camargo. Isso significa é uma mostra de arte contemporânea, com trabalhos de vários artistas jovens.

Na abertura, terá performances de dois artistas: Letícia Cardoso e Ronald Duarte. E, também será lançado o próximo edital da Bolsa, que nesse ano vai selecionar dois artistas para residências Estados Unidos (Nova York) e Argentina (Buenos Aires).

Mais informações sobre a exposição, estão disponíveis aqui.

Abaixo, você pode ver um audioslide que a Zero Hora fez:

segunda-feira, setembro 06, 2010

40 em livro



No próximo sábado, às 17h, será lançado na Livraria Saraiva, do Shopping Praia de Belas, o livro 40, produzido pelos alunos da Oficina Literária da PUCRS, a Oficina do Assis. O livro também comemora os 25 anos da Oficina. Eu participei da oficina no ano passado e o livro traz quatro contos meus.

domingo, agosto 29, 2010

Oficina do Assis



Na quarta-feira, dia 1º de setembro, das 19h30 às 21h, será realizada a aula inaugural 2010/2 da Faculdade de Letras da PUCRS. Nesse semestre, a aula será uma homenagem aos 25 anos da Oficina Literária da PUCRS, conhecida por nós carinhosamente como Oficina do Assis Brasil.

O evento será realizado no auditório da Famecos (prédio 7) e contará com uma mesa redonda com a presença de escritores que passaram pela Oficina e se destacam no cenário literário nacional: Cíntia Moschovich, Daniel Galera, Marcelo Spalding, Robertson Frizero e Ruben Penz.


Eu fiz a oficina no ano passado e foi uma experiência bem especial. Aprendi muitas coisas, que me fizeram pensar e repensar o ato de escrita, seja ele literário ou não. Em setembro, será lançado o livro da Oficina 40 (sim! 25 anos e 40 edições), do qual faço parte. Em breve mais detalhes. Fica aqui a minha indicação para quem procura uma oficina literária.

sábado, agosto 28, 2010

Bô e Nikita

Meus gatinhos são muito diferentes um do outro. No início, não se gostaram muito, mas isso foi há mais de um ano. Hoje, correm juntos pela casa, fazem companhia um para o outro e, no inverno, adoravam dormir juntinhos. Não são uns amores?

domingo, agosto 01, 2010

NYTimes, vida e cultura

Nos últimos tempos (não faz tão pouco tempo assim, na verdade), adquiri o hábito de dar uma olhada diariamente no NYTimes. Acabo lendo os textos sobre tecnologia, arte, comunicação, estilo de vida e tal. Sempre acho coisas bem legais. A maioria delas tenho publicado no blog do meu grupo de pesquisa do mestrado, o Fragmentos de Sentido. Provavelmente, quando eu terminar o mestrado no final do ano, vou parar de alimentar o blog e vou começar a postar os textos por aqui.

Hoje, recomendo esse texto sobre o twitter do NYTimes de sexta:

The Way We Live Now

I Tweet, Therefore I Am

Published: July 30, 2010


By PEGGY ORENSTEIN

On a recent lazy Saturday morning, my daughter and I lolled on a blanket in our front yard, snacking on apricots, listening to a download of E. B. White reading “The Trumpet of the Swan.” Her legs sprawled across mine; the grass tickled our ankles. It was the quintessential summer moment, and a year ago, I would have been fully present for it. But instead, a part of my consciousness had split off and was observing the scene from the outside: this was, I realized excitedly, the perfect opportunity for a tweet. 
I came late to Twitter. I might have skipped the phenomenon altogether, but I have a book coming out this winter, and publishers, scrambling to promote 360,000-character tomes in a 140-character world, push authors to rally their “tweeps” to the cause. Leaving aside the question of whether that actually boosts sales, I felt pressure to produce. I quickly mastered the Twitterati’s unnatural self-consciousness: processing my experience instantaneously, packaging life as I lived it. I learned to be “on” all the time, whether standing behind that woman at the supermarket who sneaked three extra items into the express check-out lane (you know who you are) or despairing over human rights abuses against women in Guatemala.

Each Twitter post seemed a tacit referendum on who I am, or at least who I believe myself to be. The grocery-store episode telegraphed that I was tuned in to the Seinfeldian absurdities of life; my concern about women’s victimization, however sincere, signaled that I also have a soul. Together they suggest someone who is at once cynical and compassionate, petty yet deep. Which, in the end, I’d say, is pretty accurate.

Distilling my personality provided surprising focus, making me feel stripped to my essence. It forced me, for instance, to pinpoint the dominant feeling as I sat outside with my daughter listening to E.B. White. Was it my joy at being a mother? Nostalgia for my own childhood summers? The pleasures of listening to the author’s quirky, underinflected voice? Each put a different spin on the occasion, of who I was within it. Yet the final decision (“Listening to E.B. White’s ‘Trumpet of the Swan’ with Daisy. Slow and sweet.”) was not really about my own impressions: it was about how I imagined — and wanted — others to react to them. That gave me pause. How much, I began to wonder, was I shaping my Twitter feed, and how much was Twitter shaping me?

Back in the 1950s, the sociologist Erving Goffman famously argued that all of life is performance: we act out a role in every interaction, adapting it based on the nature of the relationship or context at hand. Twitter has extended that metaphor to include aspects of our experience that used to be considered off-set: eating pizza in bed, reading a book in the tub, thinking a thought anywhere, flossing. Effectively, it makes the greasepaint permanent, blurring the lines not only between public and private but also between the authentic and contrived self. If all the world was once a stage, it has now become a reality TV show: we mere players are not just aware of the camera; we mug for it.

The expansion of our digital universe — Second Life, Facebook, MySpace, Twitter — has shifted not only how we spend our time but also how we construct identity. For her coming book, “Alone Together,” Sherry Turkle, a professor at M.I.T., interviewed more than 400 children and parents about their use of social media and cellphones. Among young people especially she found that the self was increasingly becoming externally manufactured rather than internally developed: a series of profiles to be sculptured and refined in response to public opinion. “On Twitter or Facebook you’re trying to express something real about who you are,” she explained. “But because you’re also creating something for others’ consumption, you find yourself imagining and playing to your audience more and more. So those moments in which you’re supposed to be showing your true self become a performance. Your psychology becomes a performance.” Referring to “The Lonely Crowd,” the landmark description of the transformation of the American character from inner- to outer-directed, Turkle added, “Twitter is outer-directedness cubed.”

The fun of Twitter and, I suspect, its draw for millions of people, is its infinite potential for connection, as well as its opportunity for self-expression. I enjoy those things myself. But when every thought is externalized, what becomes of insight? When we reflexively post each feeling, what becomes of reflection? When friends become fans, what happens to intimacy? The risk of the performance culture, of the packaged self, is that it erodes the very relationships it purports to create, and alienates us from our own humanity. Consider the fate of empathy: in an analysis of 72 studies performed on nearly 14,000 college students between 1979 and 2009, researchers at the Institute for Social Research at the University of Michigan found a drop in that trait, with the sharpest decline occurring since 2000. Social media may not have instigated that trend, but by encouraging self-promotion over self-awareness, they may well be accelerating it.

None of this makes me want to cancel my Twitter account. It’s too late for that anyway: I’m already hooked. Besides, I appreciate good writing whatever the form: some “tweeple” are as deft as haiku masters at their craft. I am experimenting with the art of the well-placed “hashtag” myself (the symbol that adds your post on a particular topic, like #ShirleySherrod, to a stream. You can also use them whimsically, as in, “I am pretending not to be afraid of the humongous spider on the bed. #lieswetellourchildren”).

At the same time, I am trying to gain some perspective on the perpetual performer’s self-consciousness. That involves trying to sort out the line between person and persona, the public and private self. It also means that the next time I find myself lying on the grass, stringing daisy chains and listening to E. B. White, I will resist the urge to trumpet about the swan.

Peggy Orenstein is a contributing writer. Her book "Cinderella Ate My Daughter" will be published this winter.


sábado, julho 10, 2010

kindle e etcs

Ando quase completamente fora do mundo virtual. Estou fazendo o meu texto de qualificação do mestrado. Também acabei de escrever um artigo grandotinho sobre o Viajo porque preciso, volto porque te amo. Não é tão grande, mas é bem maior do que o texto que escrevi nesse blog. Também ando com ideias de projetos na cabeça... Ando tentando tocar meus projetos em andamento... Ando tentando usar meu kindle novo... Ando tentando fazer exercícios... Ando tentando ler... Não tem sobrado muito tempo pra escrever, mas daqui a pouco eu volto.

Por enquanto, deixo uma foto que fiz no Jardim de Luxemburgo, em junho, em Paris. Coloquei no meu fundo de tela. É bela.

quinta-feira, maio 13, 2010

O mundo está longe de acabar


Nessa sexta, entra em cartaz o filme Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo. Gosto dos curtas da Ana pelo ponto certo em que ela sempre chega. O estilo é simples (no melhor dos sentidos), o olhar é delicado, as coisas estão na medida. Com o longa não é diferente. Vi o filme na pré-estreia e fiquei muito feliz com o que vi. Os personagens são pessoas comuns, sem cair em clichês. Até os papéis mais difíceis, falo em papéis sociais, como o do pai de criação, escolhem a direção oposta ao drama que normalmente envolve pais e filhos. Por que não ter uma família legal? Ana faz isso ser possível, sem ser piegas.

Daniel, o adolescente protagonista, vive no filme situações comuns de sua idade: escolha profissional, decisão entre sair ou ficar no interior após acabar o ensino médio, uma namorada que quer-mas-não-quer e uma irmã pestinha (e divertidíssima!) que vive o provocando. Não bastasse o dia-a-dia já dividido entre a escola e tentar (re)conquistar Mim, a sua namorada – mas que também é o amor/desejo de seu melhor amigo –, o pai biológico de Daniel começa a escrever cartas e tentar uma aproximação com o filho que nem conhece. Sem saber como lidar com a situação, seu mundo vai bagunçando, bagunçando e até a sua bicicleta é roubada.

Com leveza, bom humor e muitas pedaladas, vamos acompanhando a aproximação de Daniel com o pai, que acaba abrindo seus horizontes com as lindas fotos que manda, mostrando que o mundo é bem maior. Um ponto de destaque são justamente essas fotos, muitas delas clicadas pelo ótimo Fabio del Re, que aparecem animadas no filme.

Bom, acho que já dei uma palhinha sobre o filme. Então, nesse fim-de-semana, compra o teu ingresso e vai no teu cinema preferido conferir. A história encanta jovens e adultos.

Aqui você acessa o site do filme e, abaixo, o trailer oficial:



Você também pode seguir o filme no Twitter (@antesmundoacabe) e no Facebook.

quarta-feira, maio 12, 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo



Aproveito que Viajo porque preciso, volto porque te amo acabou de entrar em cartaz para dizer algumas palavras sobre ele. Vi ainda no Festival de Verão, numa sala pequena do Unibanco Arteplex, com um público razóvel, mas bastante interessado. (É uma pena que eu tenha ouvido relatos sobre pessoas saindo da sala de cinema no meio do filme nessa semana).

Tenho visto os filmes do Karin Aïnoz em cinemas e em bienais de artes visuais. Ele é um cineasta que trabalha nas fronteiras mais do que embaralhadas entre cinema e arte. Fico bem feliz que Viajo tenha realmente entrado em cartaz. Acho que o filme não é nada que o título promete, mas ao mesmo tempo é tudo. Não é um filme fácil, que se entrega ao público, o espectador que tem que se entregar a ele e embarcar na viagem proposta. No final das contas, é uma jornada subjetiva, criada a partir de imagens poéticas, ou transformadas em poéticas pela narratividade construída, que fala sobre o amor, assunto tão caro a todos.

Mas a viagem é exterior, interiormente o personagem está estancado, esfacelado, talvez ele não tenha condições de viajar. Fica revivendo o mantra de um amor que não funcionou. Lembro aqui de Alain Badiou, que li recentemente: "os movimentos que a poética do cinema entrelaça são falsos movimentos". Enquanto isso um olhar particular de um nordeste, para mim tão distante, vai tomando conta da tela e enchendo os olhos. " O cinema é visitação: do que eu teria visto ou ouvido, a ideia permanece enquanto passa", complementa Badiou.

Jean-Claude Bernardet tem feito uma série de posts sobre o filme em seu blog. Cito aqui o início do último post, que acho muito preciso: "Essa subjetividade que impregna as imagens de VIAJO é pós-JOGO DE CENA. VIAJO e o romance de Luiz Ruffato ESTIVE EM LISBOA E LEMBREI DE VOCÊ pertencem à mesma geração". Achei muito boa a associação com o livro de Ruffato. Ele realmente tem uma atmosfera que dialoga com o filme, um não-estar, que permeia toda a história de um emigrante de Minas que vai para Portugal. O personagem de Ruffato também viaja porque precisa.

Estive em Lisboa é um belo livro. Viajo é um filme belo.

sábado, maio 01, 2010

Teoria e poesia

A teoria, por vezes, é pura poesia:

A tematização do movimento desemboca no móbil idêntico e na relatividade do móbil, quer dizer, ela o destrói. Se queremos levar a sério o fenômeno do movimento, precisamos conceber um mundo que não seja apenas feito de coisas, mas de puras transições. O algo em trânsito que reconhecemos necessário à constituição de uma mudança só se define pela sua maneira particular de “passar”. O pássaro que atravessa meu jardim, por exemplo, no momento mesmo do movimento é apenas uma potência acinzentada de voar e, de uma maneira geral, veremos que as coisas se definem primeiramente por seu “comportamento” e não por “propriedades” estáticas. Não sou eu quem reconheço, em cada um dos pontos e instantes atravessados, o mesmo pássaro definido por caracteres explícitos, é o pássaro, voando, que faz a unidade de seu movimento, é ele que se desloca, é este tumulto plumoso ainda aqui e já está ali numa espécie de ubiqüidade, como o cometa com sua cauda. (pg. 370-371)


PONTY-MERLEAU, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (3ª Edição)

quinta-feira, abril 29, 2010

ahhhh, as vacas


Eu já tinha dito nesse mesmo blog que acho vacas uns bichos muito legais. Elas tem um olhar doce, são bonitas, pacientes, enfim, bichos bacanas... Pois não é que elas vão invadir Porto Alegre!

Uma parceria entre a Prefeitura, a Vonpar Alimentos e a Farah Service de São Paulo vai trazer a Cow Parade para cá. Isso significa que entre outubro e dezembro as ruas da cidade ficarão cheias de vacas em tamanho real. Elas serão pintadas tanto por artistas convidados, quanto por artistas selecionados em uma chamada aberta. Ao todo serão 80 vacas pipocando pela cidade. Assim como é feito em São Paulo, no final do evento, as vacas serão leiloadas e a renda será destinada às ONGs que fazem parte do Instituto Vonpar.

Aqui embaixo, estão algumas fotos que eu tirei na Cow Parade de São Paulo nesse ano:


No site da Fundação Iberê Camargo está está disponível o texto que escrevi quando a Cow Parade chegou em São Paulo, em 2005. Agora, até as miniaturas de vacas que só tinha como comprar do site internacional do evento, já estão disponíveis em São Paulo. Tomara que venham para cá também.

Quer saber mais? A Cow Parade Brasil está no Twitter, @cowparadebrasil, e tem uma página no Facebook.

sábado, abril 24, 2010

A Alice de Sissi




Ontem fui ver a peça Alice, com direção e atuação de Sissi Venturin, na Semana em Branco, organizada pela Cia Espaço em Branco – um grupo bem bacana que anda fazendo um monte de espetáculos legais (dá uma olhada no canal deles no youtube).

Em épocas de Alice para todos os lados, fico feliz de ver algo simples, bonito e que não dialoga apenas com as obras de Caroll, mas também com a performance art e com mitos muito fortes como o do Eterno Feminino e o da Tecelã. A Alice de Sissi é fragmentada, contemporânea, tem o coração dilacerado, mas mantém alguns aspectos da criança interior, trazendo leveza à peça.

Em um cenário simples e organizado para um desaniversário, Alice desce do teto por uma corda. O público fica em volta dos objetos, dispostos em círculo, e acaba fortalencendo a ideia do buraco em que Alice cai. (Apenas destaco que a Alice de Sissi desce porque quer, ela tem o controle da corda). Ao tocar ao solo, Alice pega um novelo de lã e começa a tecer. Mas esse tecer não é organizado. Alice gira e ao girar tece a si mesma e se enreda no fio vermelho, do amor, que ela mesmo escolheu.

Não se pode esquecer que nos mitos que envolvem mulheres e a tessitura, o ato de tecer está relacionado com a determinação do destino de si próprio ou da humanidade. Ao enredar-se no fio vermelho, que acompanha a personagem quase até o final, vem a tona a ideia de Alice como a responsável por suas escolhas e lios. Ela só vai se desvenciliar desses fios mais tarde, quando ao público serão oferecidos diversos objetos cortantes para que alguém a liberte. Aqui é o ponto forte do diálogo com o público, que acontece diversas vezes ao longo da peça – Alice precisa de alguém que a liberte. O desejo de liberdade está em si, mas depende do outro, do outro que tem um olhar amoroso.

Esse olhar amoroso é construído durante a peça a partir de seu relacionamento com o público. Entre pequenas interações, por vezes cômicas, por vezes dramáticas, o coração de Alice, feito por morangos, é oferecido ao público em forma de suco adoçado, batido na hora. Após esse dilaceramento provocado pela própria personagem, a afirmação "meu coração é uma bomba", que já havia sido pronunciada algumas vezes, é reiterada até a explosão da bomba. Alice cai e saem de si inúmeros corações de marshmellow, que também são oferecidos ao público. Como não ter um olhar amoroso para Alice?

Daria para continuar escrevendo sobre todos os pequenos atos de Alice e dos outros personagens por ela representados, mas estragaria talvez o deleite com a peça. Apenas gostaria de destacar o personagem do coelho apressado, que provocou o riso da plateia em todas as vezes que apareceu e da Rainha Vermelha, que usa as agulhas das tessituras de Alice para alinhavar o seu próprio pescoço, enquanto anuncia a sentença de morte da personagem. As agulhas aqui já não tecem mais, a trama já foi cortada, Alice já escolheu o seu destino.

No final, a Rainha Vermelha/Alice prende a si um delicado cinto de fita vermelha, de onde saem diversos fios de lã multicoloridos, que estão enrolados em novelos e distribuídos de forma circular, demarcando o espaço quase permeável apresentação/público desde o início da peça. Levando os fios consigo, Alice, que já havia se libertado dos lios e enredos (ou seja, ela ainda acredita no amor, pois se prende aos fios novamente por vontade própria), atravessa o espelho. No caso, a cortina que divide o palco cheio e a plateia vazia. Ela caminha até o final da sala, saindo pela porta de entrada. E, nós ficamos no palco, vendo-a partir e cuidando dos fios que ainda a prendem na realidade, no lado de cá. Será que ela vai voltar? Será que nós atravessaremos o espelho?

A peça volta em cartaz em julho, boa oportunidade para quem perdeu.

(A foto lá de cima, que eu peguei emprestada do blog do grupo, é do Bruno Gularte Barreto.)

sexta-feira, abril 23, 2010

Me dá uma luz?

Pequeno vídeo que eu fiz na entrada do Guggenheim em NY, em 2008. Acabei de achá-lo esquecido nos meus arquivos. O título sugere o que o pessoal da programação estava precisando: uma luz. As exposições estavam bem fracas e a arquitetura do prédio acabou tornando-se a coisa mais interessante da visita.

sexta-feira, abril 16, 2010

Alice e outras peças



Na semana que vem (19 a 25 de abril), vai ter um monte de apresentações legais da Cia Espaço em Branco de Teatro. Te agenda:

Mostra de repertório da Cia. Espaço em BRANCO de teatro
Espetáculos + Show + Oficina teatral + Workshop de música

ENTRADA FRANCA em toda a programação!

Veja em:
www.semanaembranco.blogspot.com

AGENDA
19 a 25 de ABRIL de 2010

Na Sala Álvaro Moreyra:
(Av. Érico Veríssimo, 307- esquina com Av. Ipiranga)

2ª a 5ª-feira: das 9h às 13h Oficina Processos Híbridos de Criação com João de Ricardo
4ª-feira: das 14h às 18h Workshop Interpretação visual poética e concepção de ambientes sonoros com Roger Canal e Douglas Dickel
4ª-feira: 20h Show Roger Canal e Douglas Dickel + coquetel


No Teatro de Câmara Túlio Piva:
(Rua República, 575, Cidade Baixa)

5ª-feira: 20h Em Trânsito
6ª-feira: 21h ALICE
sábado: 21h Homem que não vive da glória do passado
domingo: 20h Teresa e o Aquário

quinta-feira, abril 15, 2010

cozinha rápida

Com um tomate, uma cenoura, uma cebola, alguns cogumelos frescos e "temperices"dá pra fazer um delicioso risoto de quinoa em pouco tempo. fica a dica.

domingo, março 28, 2010

Risoto de abobrinha

Recebi a receita, abaixo, de risoto de abobrinha de uma amiga. Testei e adorei!

Fiz algumas modificações, com coisas que eu tinha em casa:

- usei cebola roxa, que deu uma cor para o prato.

- em vez de caldo de legumes, fiz caldo de ervas com ervas frescas: alecrim, manjericão, manjerona, salsa, cebolinha e louro.

- usei arroz thai jasmine.

- temperei o arroz com uma colherinha de massala.

Aqui está a receita original, bem explicadinha:

RISOTO
1 xícara de arroz arbóreo (não faça "causo": se não tiver esse, pode ser qquer arroz branco)
1 tablete de caldo de legumes ou pacotinho de tempero para legumes, qualimax, ou "meu arroz"(eu prefiro o qualimax em pó, caldo de legumes em pó)
3 xícaras de água
3 colheres bem cheias de iogurte natural
3 colheres bem cheias de requeijão
1 colher de sopa de vinho branco( não é indispensável)
1 abobrinha
meia cebola
1 colher de sopa de manteiga ou azeite de oliva
salsinha picada
queijo parmesão ralado

Lave a abobrinha e pique em pedaços pequenos
refogue a cebola levemente na manteiga ou no azeite, junte a abobrinha e deixe cozinhar em fogo baixo, mas não muito para não desmanchar
tempere com um pitada de sal.
Desmanche o caldo nas 3 xícaras de água (ferva a água e coloque o caldo de legumes) e  junte o vinho.
À parte, coloque o arroz na panela, frite levemente com um fio de óleo e vá juntando o caldo e deixe ferver com panela destampada. Deixe secar um pouco e vá colocando o restante do caldo aos poucos. O arroz deve ficar "al dente", mas molhadinho, meio "papa" Qdo estiver nesse ponto retire do fogo, junte a abobrinha o  iogurte e o requeijão, um pouco de salsinha picada. Deixe aquecer mais um pouco e sirva polvilhado com queijo parmesão.
O legal dessa receita é que não precisa sofisticar com o arbóreo, vai de arroz agulhinha mesmo. Com o arroz integral não fica muito bom, mas pode substituir a abobrinha por um vidro de palmito, um vidro pequeno de cogumelos ou até cogumelo fresco, refogadinho no azeite de oliva. Se não quiser requeijão, pode ser só com iogurte, aí põe um copinho inteiro.

Chile



Acabo de recuperar umas fotos e vídeos de uma viagem ao Chile no verão de 2007. Deu vontade de voltar e uma pena do terremoto...





Mais fotos estão no meu Flickr.

sábado, março 27, 2010

Promo Bolota & Chumbrega

Abaixo, vídeo promocional da série Bolota & Chumbrega (AnimaTV), da qual sou roteirista e produtora:



Mais informações sobre a série estão aqui.

quarta-feira, março 17, 2010

Não é uma delícia?

Nada mais gostoso do que um cabo de iPhone:

domingo, março 14, 2010

Muitas roupas

Em fevereiro, vi no Grand Palais, em Paris, uma grande instalação do Christian Boltanski. A exposição era bem impactante, simples, sombria, melancólica, dolorosa e, ao mesmo tempo delicada.



Nas fotos, dá para ter uma ideia melhor do todo. Coloquei elas no Flickr.

Mais informações sobre a exposição, estão disponíveis aqui.

terça-feira, março 09, 2010

Roteiro

Daqui a uns dias o Miguel Machalski estará em Porto Alegre, dando uma oficina para os projetos contemplados no Prêmio Santander. Uma dessas palestras será aberta ao público. O Miguel foi um dos meus professores no Taller Avanzado de Guión, que fiz na EITC em Cuba. Ele trabalha com consultoria de roteiro e já escreveu dois livros sobre o tema. Gosto muito dele e indico a palestra:

Oficina de Roteiro com Miguel Machalski 
Dia 22 de março, das 10h às 13h

Atividade integrante do programa de oficinas de capacitação do VI Concurso de Desenvolvimento de Projeto de Longa-metragem Santander Cultural / Prefeitura de Porto Alegre / APTC. A palestra é aberta para estudantes de cinema e interessados em geral. As inscrições devem ser feitas na bilheteria do Santander Cultural, e custam R$ 20,00. Será entregue certificado de participação após a atividade.

Palestrante: o argentino Miguel Machalski é especialista em análise e tradução de roteiros. Realiza consultorias para produtoras como a Iniciative Film - especializada em adaptações de obras literárias, a AB Svensk Filmindustry, da Suécia, e Ateliers du Cinema Européen. Consultor, supervisor, script editor e tradutor de roteiros audiovisuais em grandes produtoras francesas, Machalski irá abordar temas como a visão panorâmica do roteiro de longa-metragem e seus componentes internos e externos; estratégia e criatividade; o lugar que ocupa o roteiro na "fabricação" de um filme; o roteirista no mercado atual e em diferentes partes do mundo. Entre os projetos nos quais Miguel Machalski trabalhou como consultor estão Billy Elliot (Stephen Daldry), Tango (Carlos Saura), Mar Adentro (Alejandro Amenábar) e Menina de Ouro (Clint Eastwood).

domingo, fevereiro 28, 2010

Mais Montevideo

Em outubro do ano passado, as calçadas do centro antigo de Montevideo estavam diferentes. Uma intervenção artística deu um toque de cor às pedras cinzas, usando azulejos coloridos. Ficou muito simpático e sutil.


Mais fotos aqui.

Fotos de Montevideo



Resgatei algumas fotos e dois vídeos, feitos em Montevideo e Colônia, em outubro do ano passado.

As fotos estão no Flickr e os vídeos, aqui embaixo:



terça-feira, fevereiro 09, 2010

Vote em Bolota & Chumbrega



O episódio-piloto Um guarda-chuva muito especial de Bolota & Chumbrega está concorrendo ao Troféu Internauta – prêmio de público criado pelo Programa ANIMATV. Para assistir e votar, clica aqui.

domingo, janeiro 31, 2010

Bolota & Chumbrega na web



Se você perdeu Bolota & Chumbrega na tevê, ainda há a oportunidade de vê-lo na internet. A TV Cultura disponibilizou todos os episódios pilotos do Programa Anima TV em seu site. Então, clica aqui e vai lá assistir.

quarta-feira, janeiro 27, 2010



Criei um set de flores, folhas, árvores e afins no meu Flickr. Quer ver? Clica aqui.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Bolota & Chumbrega na TV



O episódio-piloto da série Bolota & Chumbrega, do qual sou roteirista com a Ivana Verle, e produtora com o Frederico Pinto e a Ana Pan, vai ao ar ainda em janeiro. Confira as datas e horários:

Dia 25
11h e 15h - making of na TV Brasil
11h30 e 16h30 – making of na TV Cultura

Dia 26
15h – estreia do episódio na TV Brasil
16h30 – estreia do episódio na TV Cultura

Dia 29
11h – reprise do episódio na TV Brasil
11h30 – reprise do episódio na TV Cultura

Dia 30
14h30 – maratona com todos os episódios nas duas TVs

Bolota & Chumbrega faz parte do Programa AnimaTV. Mais informações sobre o projeto estão aqui.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Borboletas


Continuando na batida Bichos Simpáticos, ontem eu estava escrevendo um roteiro sobre borboletas e lembrei de umas fotos que eu tirei no Museu de História Natural, em 2008, em Nova York.

Acabei postando elas no Flickr. Para ver as fotos, clica aqui.

domingo, janeiro 10, 2010

Vacas

Eu estava dando uma olhada no site Learn Something Everyday, que acho super simpático e encontrei essa ilustração muito querida de vaca:



Daí, me lembrei o quanto acho vacas bichos muito legais. Fui procurar nos arquivos e lembrei dessa foto de Cuba. Todas as manhãs acordávamos com um funcionário da Escola chamando um boi, o Coronel. Nem precisava de despertador. Isso foi nos idos 2006.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Amanhecer e anoitecer

Vista da janela de casa do amanhecer hoje, por volta das 6h30:



Vista do entardecer um dia desses:


domingo, janeiro 03, 2010

San Sebastian




Enquanto estava em Bilbao, recebi a visita da Lenara. Passamos um dia em San Sebastian, uma praia bem simpática. As fotos estão no meu Flickr.