Hoje, abre a última intervenção no Torreão. Não tem como não sentir saudades antecipadas de tocar a campainha e recolher a chave jogada, com uma cordinha, da janela do segundo andar. Abrir a porta e subir as escadas sempre foi, para mim, uma metáfora de abrir-se para a experiência.
O Torreão foi e tem sido importantíssimo para a minha formação em artes. Foi ali que dei os primeiros passos, quando estava fazendo a minha monografia que analisava o uso de meios publicitários pela Jenny Holzer. Depois, disso, não larguei mais. Sempre foi uma aluna irregular, fazia um semestre, não fazia no outro, voltava no ano seguinte. E assim foi desde 2001. Mas estar lá era sempre uma alegria. As aulas do Jailton, as conversas com a Elida, as trocas com os colegas, são os pontos fortes dessa convivência, que vai continuar povoando o meu imaginário e acontecendo na prática em outro lugar (o Jailton vai continuar com as aulas e as orientações, ainda bem!).
O Torreão fecha, mas acredito que a conversa continue. Temos muito ainda que ouvir e que falar e que abrir de horizontes, principalmente quando se trata de um campo tão plural e criativo, quanto o das artes. E, principalmente, quando se tem ao lado pessoas tão especiais.
No ano passado, o Torreão fez 15 anos e eu fiz uma entrevista longa com o Jailton e a Elida. Quem quiser ler, é só clicar aqui.
Colo aqui a notinha que a Luísa, escreveu para o site da Fundação Iberê Camargo sobre a intervenção do Martin Streibel, nosso colega, que abre hoje:
"18.09.2009
Última intervenção
O Torreão, espaço de arte independente de Porto Alegre, dá início a sua última intervenção. Matéria Plástica, do artista e fotógrafo Martin Streibel, entre em cartaz neste sábado, dia 19, às 18h, marcando o encerramento das atividades no espaço.
“Não estamos morrendo de velhos. Estamos morrendo de acidente”, brinca Jailton Moreira, que, junto de Élida Tessler, coordena o espaço. Isto porque, depois de mais de 15 anos de atividades, o Torreão terá de fechar suas portas devido à solicitação dos proprietários do imóvel, que não desejam mais alugar o espaço – um andar e a torre de uma antiga residência no tradicional bairro do Bonfim.
O clima, porém, não é de nostalgia. “Se, em parte, a notícia nos entristece, temos um super orgulho de nosso feito”, destaca Jailton, referindo-se à formação de um espaço de constante discussão e experimentação artística. Além de encontros teóricos semanais, o Torreão abrigou os ateliês dos dois artistas proprietários e um total de 88 intervenções, feitas por artistas – alunos ou não – advindos dos mais variados meios. “Temos 88 versões documentadas sobre este espaço. São dois infinitos de pé”, reflete.
A intervenção de Martin Streibel fecha este ciclo. Ex-aluno doTorreão, o artista trabalha com fotografia e pintura, e por isso foi desafiado a criar uma intervenção no local. “Ele não tinha uma trajetória tridimensional, mas sabíamos que poderia responder a esta provocação”, acredita Jailton.
Matéria Plástica fica em cartaz até 8 de outubro. Depois disto, Jailton e Élida – que, atualmente, cursa pós-doutorado em Paris –, irão decidir de que forma continuarão atuando no universo das artes. O que está definido, até agora, é que os encontros semanais de discussão e as orientações para pequenos grupos de artistas continuam. “Só temos planos de não repetir o Torreão. Foi uma experiência que teve uma personalidade muito marcada. Qualquer tentativa de fazer igual seria muito nostálgica – e nenhum de nós dois tem vocação para isto”, enfatiza Jailton.
O Torreão fica na rua Santa Terezinha, 79."
5 comentários:
Camila, assisti tua palestra na UNISC, terça-feira e quero te parabenizar pelo teu trabalho. Foi muito legal tu teres dividido um pouco da tua experiência conosco. Faço jornalismo e fiquei encantada com o documentário, principalmente.
Sei que estou a comentar sobre uma coisa em um post que diz outra, mas entenda, por favor... hehehe.
Parabéns!
Grande abraço e sucesso sempre,
Cristiane Lautert Soares.
Oi, Cris
Obrigada! Que bom que vocês puderam aproveitar um pouco da minha experiência. Sempre é legal conhecer outros pontos de vista.
Um abraço,
Camila
Camila,sou o Fernando afilhado do Marcus Mello da Teorema,sua oficina e palestra na Unisc foram excelentes nos deixando mais àvidos pelo conhecimento.De qual disco do Philip Glass é a música que toca no documentário,este me impressionou,suas imagens são uma experiência estética muito rica,parabéns.Aliás qual o melhor disco do Philip Glass na sua opinião.Abraços
Olá, Fernando
Obrigada pela mensagem. A música do Philip Glass se chama Metamorphosis I e tem em várias gravações. Dá uma olhada aqui: http://www.philipglass.com/music/compositions/metamorphosis_1-5.php
Não sei te dizer qual o disco dele que mais gosto.
Um abraço.
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